Petróleo em alta impulsiona Ibovespa, que fecha no maior nível desde setembro
- Caroline Aragaki

- 24 de out.
- 3 min de leitura
A forte alta superior a 5% do petróleo, após novas sanções dos Estados Unidos e da União Europeia contra a Rússia, impulsionou o Ibovespa do início ao fim do pregão desta quinta-feira. O índice ganhou novo fôlego no período da tarde, após a notícia de que o presidente Donald Trump se reunirá com Xi Jinping na próxima quinta-feira.
Ainda assim, a liquidez da sessão foi reduzida, com investidores em compasso de espera pelo IPCA-15, que será divulgado amanhã, e diante de incertezas externas e locais.
O principal índice da B3 encerrou em alta de 0,59%, aos 145.720,98 pontos, alcançando o maior nível de fechamento desde 30 de setembro. O giro financeiro foi de R$ 19,14 bilhões, abaixo da média diária de aproximadamente R$ 23 bilhões.
“O dia é de alta para a Bolsa, mas o volume financeiro está baixo. Existe um viés positivo, um tom de fundo melhor, mas ainda muitas dúvidas. E quando há dúvida, ou o investidor vende, ou fica quietinho. Hoje o mercado está quietinho”, resume Marcelo Boragini, sócio e especialista em renda variável da Davos.
Seis fatores de incerteza
Segundo Boragini, o mercado opera sob uma pilha de incertezas, destacando seis pontos principais:
Dados de inflação — CPI dos EUA e IPCA-15 no Brasil (a serem divulgados amanhã);
Possível shutdown do governo americano, que completa 23 dias hoje;
A possível reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump no domingo;
O resultado do encontro entre Trump e Xi Jinping na quinta-feira;
A decisão do Federal Reserve (Fed) no fim de outubro;
E o desfecho do imbróglio fiscal no Brasil.
Petróleo e commodities em destaque
Nesta quinta-feira, os mercados globais reagiram à notícia de que EUA e União Europeia ampliaram restrições à compra de petróleo russo, buscando um cessar-fogo na Ucrânia. Analistas mencionam expectativas de déficit na oferta da commodity em 2026.
Na esteira, as cotações do Brent e do WTI atingiram o maior preço em duas semanas, impulsionando as ações de petrolíferas na B3 — especialmente a Petrobras, que subiu 0,72% (ON) e 1,14% (PN). A companhia tem o segundo maior peso no Ibovespa, atrás apenas da Vale.
“O peso do Ibovespa é muito relacionado com commodities, e o petróleo hoje está forte, em correção técnica”, explicou Renan Santos, sócio e líder da mesa de renda variável da KAT Investimentos. Segundo ele, após o fim da Guerra em Gaza, houve uma queda exagerada no preço do barril, o que justifica a alta expressiva desta quinta-feira. “Um petróleo saudável é acima de US$ 60 por barril”, acrescenta.
Ibovespa e mercado internacional
A máxima do Ibovespa ocorreu pela manhã, aos 146.357,79 pontos (+1,03%), perdendo força no início da tarde. Por volta das 15h, voltou a acelerar após a confirmação da Casa Branca de que Trump e Xi Jinping se reunirão na próxima quinta-feira. Na mesma ocasião, as Bolsas de Nova York também ampliaram ganhos.
Santos, da KAT Investimentos, ressalta que a recente retirada de recursos estrangeiros da Bolsa brasileira em outubro foi motivada pelo acirramento das tensões entre EUA e China:
“Quando há guerra comercial entre os principais países que movem a economia global, é normal que investidores tirem capital de investimentos de mais risco — como o Brasil — e fiquem em alerta. Mas a tendência de agora em diante é bem favorável”, avalia.
Trump afirmou ainda acreditar que seu encontro com Xi Jinping “será muito bom”.
Questões fiscais e arrecadação
Operadores ressaltam que o fiscal segue como o calcanhar de Aquiles do Brasil na atração de fluxo estrangeiro. O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator do projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda, afirmou que apresentará seu relatório na próxima semana. Segundo ele, ainda será definido se o texto será votado na próxima semana ou na de 3 de novembro.
A arrecadação de impostos e contribuições federais somou R$ 216,727 bilhões em setembro, abaixo da mediana projetada pelo Projeções Broadcast, de R$ 217,4 bilhões.
Expectativas sobre inflação e política monetária
Um dos gatilhos que pode dar novo fôlego à Bolsa é o início da flexibilização monetária. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta manhã que as expectativas de inflação ainda estão fora da meta, mas que há um processo de desaceleração em curso.
Amanhã, o destaque da agenda será o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), que, segundo o Projeções Broadcast, deve desacelerar para 0,24% em outubro, após alta de 0,48% em setembro.
Destaques do dia
Na ponta positiva do Ibovespa, Braskem PNA e Azzas ON subiram mais de 5%.No terreno negativo, Magazine Luiza ON caiu 5,64% e MBRF ON, 2,86%.
📄 Por Caroline Aragaki – caroline.aragaki@estadao.com



Excelente reportagem
muito bom!
Excelente conteúdo!